Luiza
Fritzen
Quem
passa pelo número 22 da rua Vieira de Castro, em Porto Alegre, acha graça no
nome dado ao estabelecimento. A escolha por Café Fon Fon foi justamente para
unir musicalidade e diversão. Assim explica Bethy Krieger, que abriu o local em
2012 ao lado do marido e sócio, Luizinho Santos.
Bethy Krieger e Luizinho Santos comandam projeto musical do Café Fon FonJONATHAN HECKLER/JC |
Com a
arquitetura de uma casa antiga deixada como herança, o espaço se assemelha às
tabernas europeias com suas paredes de tijolo à vista, piso e teto de madeira.
A acústica surpreende logo que se cruza a porta, com o som dos passos
reverberando de forma clara e agradável no ambiente. Um dos diferenciais do Fon
Fon é oferecer ao artista instrumentos como piano de cauda, a bateria,
microfones e auto-falantes que permitem ao artista se preocupar apenas com sua
música e deixar os equipamentos por conta da casa.
O
ambiente aconchegante e intimista, com capacidade para cerca de 80 pessoas,
surgiu da necessidade de espaços voltados à música instrumental na cidade
sentida pelos músicos. "Queríamos um local próprio para dar a direção
artística e tocar a música que fosse de nosso interesse", afirma Luizinho,
que também compõe e toca saxofone. O nicho acabou se expandindo e hoje o café
recebe também exposições, oficinas de pintura e saraus. "Ultrapassamos o
universo da música para tornar o espaço um lugar de troca de experiências e
cultura", conta Bethy.
O lugar
vem ganhando reconhecimento e, de hoje até dezembro, será palco para um novo
projeto, com nomes locais e da cena nacional para shows e apresentações, sempre
na faixa das 21h30min. Trata-se do Café Fon Fon - Palco Musical, projeto
vencedor do Prêmio Funarte de Programação Continuada para a Música Popular 2015,
promovido pelo Ministério da Cultura, por meio da Funarte.
A
programação inclui também workshops com os artistas convidados, com o intuito
de proporcionar a troca de conhecimentos e experiências e o aperfeiçoamento
profissional. Marcando a estreia do projeto, hoje, Conrado Paulino Quarteto
chega ao Café para lançar seu novo disco, Quatro climas. Ao todo, serão oito
shows, com ingressos a preços populares (R$ 10,00).
Sabendo
da importância de conseguir espaços para apresentar sua própria música, os
empresários contam que a escolha dos artistas foi feita com base em seus
trabalhos autorais. Para Luizinho, "há muita música sendo feita e pouca
sendo mostrada, por isso é importante dar oportunidade para as pessoas
mostrarem seu trabalho". Outro objetivo era diversificar as atrações e
valorizar o que acontece no cenário local. "Queríamos dar voz as pessoas
daqui que têm qualidade e já têm referência no meio em que tocam", relata
Bethy.
O edital
permitiu também uma reforma no estabelecimento, com móveis novos e melhorias na
iluminação. O projeto tornou possível, ainda, melhorar as condições de trabalho
dos colegas de música, como conta Bethy. "Agora podemos remunerar os
artistas independente do público e do valor do ingresso." A acessibilidade
também foi contemplada e, além do cardápio em braile, serão instaladas rampas
de acesso para cadeirantes, banheiros adaptados e corrimãos. "A gente
espera atrair todos os públicos e proporcionar maior independência para as
pessoas que querem vir apreciar a música", explica à empresária.
Especialistas
em música, os sócios incorporaram aos negócios a forma intimista com que tratam
a arte. O cardápio conta com itens produzidos na cozinha da pianista e outros
pratos são encomendados de pessoas que trabalham no bairro, o que deixa o ambiente
mais familiar. Em eventos maiores, membros da classe artística são contratados
para trabalhar como garçons. "A gente sabe o quanto é difícil para o
artista se manter financeiramente, então essa foi a forma que encontramos de
ajudar", conclui Bethy.
Devido às
suas rotinas paralelas, os músicos abrem as portas ao Café Fon-Fon de
quinta-feira a domingo, mas ressaltam que o local está aberto à comunidade
interessada em se apresentar em outras datas. É só chegar por lá.
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